É fácil odiar a publicidade online. Hoje ela é o suporte de negócios da maioria de canais de mídia e tecnologia e por isso nos rodeiam em todos os lugares da internet. Temos acesso a redes de comunicações, conexões pessoais, profissionais e formas de pesquisar informações como nunca tivemos, mas agregado a isso tudo, temos um anúncio de 30 segundos sobre algum produto que querem nos vender. Tem um ditado nas startups que eu considero que explica isso muito bem. “Se você não paga por um produto, você é o produto”, você concorda que pode receber publicidade enquanto usa aquele produto.
Conheço muita gente que considera a publicidade online ruim. Isso acontece porque em muitos casos, a publicidade não é relevante para essas pessoas e de forma geral, todos nós temos a tendência de considerar ruim (ou apenas desconsiderar) aquilo que não temos interesse. Quando você apaga seus cookies, mesmo sem saberki8, você dificulta o processo de melhoria desse cenário e eu vou te explicar o motivo.
Recentemente eu tirei férias. Procurei durante alguns meses promoções de passagens até encontrar a que eu queria por um preço que considerei que valia a pena. Durante alguns meses, todas os anúncios de passagens recebiam a minha atenção. Porém, depois de realizar a compra, os anúncios sobre aquele destino já não eram mais importantes (eram até irritantes). A empresa aérea falhou em não ajustar nas configurações de remarketing a exclusão dos perfis que chegaram até a conclusão do carrinho de compra. E com isso, ao invés de me direcionarem outro tipo de conteúdo, como outro destino ou produtos relacionados como um seguro viagem por exemplo, eu fiquei recebendo a cotação do dia da passagem que já havia comprado e nesse sentido, a publicidade foi ruim pra mim.
Quando trabalhamos com análise de dados, temos uma máxima que diz que toda informação é importante. Pode não ser para todo mundo, mas será para alguém. A Jennifer Lopes, por exemplo, coloca um código de barras em todos as roupas que ela tem. Com esse banco de dados ela consegue controlar as peças que já usou, saber quando utilizou, em que ano em qual evento. Dessa forma, ela controla se quer ou não repetir uma roupa. Para ela, essa informação é de extrema importância e só é possível fazer isso em função de um sistema de gerenciamento da informação.
Até que os sistemas entendam qual das informações são importantes, você será bombardeado de diversos anúncios até que algum deles receba sua atenção. Geralmente os sistemas vão utilizar sua idade, gênero e localidade como balizadores iniciais desse conteúdo, algumas plataformas vão utilizar o comportamento, os tipos de interesse e histórico de engajamento. A partir daí, é necessário que você “eduque o algoritmo” para não se privar a uma determinação de sistema, pois o algoritmo é a fórmula matemática que várias plataformas utilizam na hora de determinar que tipo de conteúdo que aparece e que elimina da sua timeline. São as empresas que determinam as configurações padrões para todos nós.
Ao invés de apagar seus rastros, comece a controlar seu algoritmo!
No Facebook por exemplo, quando você for abordado por um conteúdo que não te interessa, você pode indicar na mesma hora que aquilo não é relevante para você.
Pelo canto superior direito é possível visualizar e editar as configurações dos anúncios. A primeira opção que aparece é a de “Ocultar anúncio – Ver menos anúncios como este“. Ao selecioná-la, você consegue dizer para o Facebook o motivo pelo qual não gostaria de ver aquela publicação.
Entre as opções que aparecem, a primeira é sobre a relevância. Em muitos casos, por falta de segmentação adequada, os anunciantes direcionam um conteúdo que você não considera relevante.
Ao fazer isso, você ajuda o Facebook a otimizar o tipo de conteúdo e com o tempo você começa a ver publicações mais interessantes, como aquela promoção da passagem para Tailândia por R$ 1.000,00 ida e volta. (Eu adoraria ver esse tipo de anúncio, porque é de extrema relevância para mim.)
Se o conteúdo for bom você vai consumir, o anunciante vai vender e o Facebook vai continuar sendo a ponte que vai conectar vocês dois. Todo mundo fica feliz!
E calma, a culpa não é só da falta dos seus cookies.
Sim, existe uma falha no lado dos anunciantes em saber segmentar e direcionar um conteúdo importante para você. Meu exemplo das passagens aéreas é ótimo para comprovar isso. Mas, se você mora no Brasil, tem um outro exemplo que talvez você se identifique.
Eu particularmente detesto as propagandas da Trivago. Embora o assunto promoções e bons preços de hospedagens seja importante para mim, a empresa faz um plano de mídia que me aborda umas 10 vezes por dia no último ano. Já reclamei nas redes sociais da empresa e não mudou muita coisa. Em resposta, fiz questão de não usar a empresa no planejamento das minhas últimas férias.
No caso da Trivago, quando vejo um comercial na televisão eu tenho que mudar de canal porque ainda não consigo dizer pra empresa de TV por assinatura que esse conteúdo não é relevante para mim. Já no online, eu consigo bloquear todo tipo de conteúdo que é gerado por eles. Eu acho isso maravilhoso, pois cada vez mais consigo definir e dizer para as plataformas que uso e o que eu considero relevante.
As ferramentas de mídia e análises de performance estão melhores a cada dia e estão ajudando muito no processo de segmentação de anúncios e otimização de resultados. Mas é um processo que depende de vários fatores, não só das ferramentas, mas como também dos profissionais que as operam e claro, dos clientes e de seus cookies.